A Câmara Municipal de Seia tem a sua sede no edifício histórico da “Casa das Obras”, bem no centro da cidade.
Classificado como monumento de interesse público a 5 de abril de 2013, a imponência e a sobriedade são atributos que definem na perfeição este solar da segunda metade do século XVIII, propriedade então da Família Mendonça Arrais e Albuquerque. O edifício assume a nomenclatura de Casa das Obras, devido, segundo a opinião generalizada, a permanentes obras de reconstrução, de remodelação e de conservação, como quase todos os edifícios desta envergadura estão sujeitos. Esta afirmação pode ter algum fundamento, uma vez que este tipo de obras de proporções tão vastas exigiriam alguma demora na sua construção e recorrente trabalho de conservação e restauro. Por exemplo, a mais recente intervenção data de 2002 a 2004, com o então Presidente da Câmara, Eduardo Mendes de Brito (1993-2009).
Também é do conhecimento geral que a designação “Casa das Obras” é repetidamente usada em outros edifícios desse tempo e devido às mesmas causas. Porém, existe a possibilidade de se chamar Casa das Obras devido ao simples facto de D. Teresa Bernarda de Figueiredo Abranches, esposa do edificador deste solar, Francisco Pinto de Mendonça, ter herdado do seu pai o chamado Morgadio das Obras.
Há quem defenda a ideia curiosa de que a planta deste elegante solar, de arquitetura sóbria, com planta retangular e fachada simétrica e estilo pombalino, tenha sido entregue pelo próprio Marquês de Pombal a Francisco Pinto de Mendonça e à sua esposa, tendo estes o mandado construir em 1773. Contudo, foi Luís Bernardo, filho de Francisco Pinto de Mendonça (que, entretanto, falecera no Brasil) o responsável pela continuação da obra. A edificação terá sido concluída em 1778, ano em que Luís Bernardo solicita à Rainha (D. Maria I, filha e herdeira do trono de D. José I) autorização para a construção de uma fonte em frente do solar.
Como testemunho de todo este processo, lá estão a fonte (hoje deslocalizada), o grandioso edifício e, bem no centro da sua fachada, o brasão heráldico desta família senense.
Dada a sua localização vantajosa de vistas extensas, prolongando-se no horizonte, não é de estranhar que este magnífico edifício tenha sido transformado em quartel-general por Arthur Wellesley, futuro Primeiro Duque de Wellington, em 1810.
Já no século XX, em 1911, no ano a seguir à implantação da República, a casa foi adquirida em hasta pública por Francisco Rodrigues Gomes. Sete anos depois, a 1 de setembro de 1918, o edifício foi adquirido pela Câmara Municipal (presidida então pelo Dr. António Borges Pires), deslocalizando os seus serviços do edifício atualmente designado por Casa Municipal das Artes (onde está instalado o Conservatório de Música), na Praça da República, para a Casa das Obras. Durante algum tempo, e sob a presidência do Capitão Dr. António Dias, aqui foi instalada a repartição de Finanças e aqui funcionou o Tribunal até obter o seu edifício próprio, em 1998.