Avelino Cunhal – Um Artista do Neorealismo

22 Jan a 01 Mar

exposições

Esta exposição pretende lembrar a obra do artista e escritor senense Avelino Cunhal (1887 – 1966).
Além de artista plástico destacou-se como escritor e dramaturgo. Colaborou com várias revistas, escreveu peças de teatro, editou livros resultando numa obra importante e duradoura.
Evocar Avelino Cunhal é também falar de democracia, de justiça social, de espírito livre e de “alma” criativa.
Foi um democrata em tempos de ditadura e um resistente antifascista que encontrou na arte instrumentos para expressar a sua visão da sociedade.
A vida pessoal de Avelino Cunhal é fortemente marcada pela adversidade, seja com a perda de filhos, seja pela ausência do filho Álvaro na clandestinidade. Apesar das contrariedades manteve uma contínua criatividade literária e artística.
A forte ligação às suas “raízes”, a Vila de Seia, embora aparentemente ausente da criação artística, revelou-se pela sua visão e sensibilidade na escrita. Na obra Senalonga, produzida na fase final da sua vida, esculpiu como mestre canteiro essa ligação.
A par de narrativas satíricas e divertidas da sociedade senense de 1900, surgem outras em que revela a sua preocupação com as dificuldades vividas pelas classes sociais desfavorecidas.
Se, por um lado, narrava de forma zombeteira o grande melhoramento do “urinol público”, as “tetinhas da Rita Salava” ou o “delito da caixa do correio”, por outro, descrevia uma estratificação social que gerava em cada filho de agricultor um potencial “criado de servir”.
Provavelmente essas vivências da sociedade senense abriram caminho para uma vida dedicada à defesa daqueles que tinham o sonho de tornar Portugal um país justo e livre.